quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O EVANGELHO É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ

LIVRO
DATA
LUGAR ONDE FOI ESCRITO
DESTINATÁRIOS
TEMA

ROMANOS

55-59 d.C.

CORINTO
CRISTÃOS ROMANOS
 (Rm 1.7)
A JUSTIÇA DE DEUS

CONHECENDO O AUTOR
            O apóstolo Paulo é o autor da Epístola aos Romanos. Paulo, que, ao nascer, recebeu o nome judaico Saulo, nasceu na cidade de Tarso, na Cilícia (At 22.3). Seu nascimento ocorreu, provavelmente, entre os anos 1 e 5 d.C. Embora tenha crescido dentro da cultura grega, permaneceu fiel à sua herança hebraica (Fp 3.5). Como cidadãos de Roma, os membros de sua família, provavelmente, fossem ricos e influentes socialmente (At 22.28). Por ser fariseu, Saulo recebeu a melhor educação disponível ministrada pelo renomado mestre Gamaliel (At 22.3; Gl 1.14). Saulo não só concordou em viver seguindo a Lei de Moisés, como também, muito provavelmente, tenha observado as suas mais estritas interpretações estabelecidas por gerações de mestres judaicos.
            Saulo liderou ataques cruéis aos seguidores de Cristo (At 8.1-3). Durante uma perseguição fanática e autorizada aos seguidores do “Caminho”, uma luz sobrenatural o cegou, e ele ouviu a voz de Jesus Cristo (At 9. 1-19). Confrontado pelo próprio Cristo, a vida de Paulo foi permanentemente redirecionada. Seu zelo como mensageiro de Cristo era tão intenso quanto foi o de perseguidor dos cristãos.
            Durante sua vida, Paulo empreendeu pelo menos quatro viagens missionárias a países não-cristãos (três estão registradas no Livro de Atos), sobreviveu a tremendas oposições e torturas e escreveu epístolas para instruir e encorajar aqueles que se tornaram cristãos. As prisões resultavam, em geral, da oposição de Paulo ao legalismo religioso dos judeus. O Livro de Atos termina com Paulo preso na casa em que ele mesmo alugou em Roma (At 28. 30-31). Os acontecimentos do final da vida de Paulo são incertos. Após uma possível libertação e novo aprisionamento em Roma, Paulo pode ter sido julgado e executado por ter continuado a proclamar o evangelho de Jesus Cristo (Tm 2), o qual ele articulou de forma ampla em sua epístola à igreja de Roma.


 CONTEXTO
            Paulo, provavelmente tenha escrito em Corinto a sua epístola aos cristãos de Roma entre os anos 55 e 59 d.C., em sua terceira viagem missionária, talvez no inverno do ano 57 d.C.
            Até então, ele não conhecia a igreja de Roma. Nessa época, Paulo se preparava para ir até Jerusalém para entregar pessoalmente uma significativa oferta recolhida pelas igrejas para os cristãos necessitados daquela cidade. Paulo não estava certo do que poderia acontecer com ele em Jerusalém. No entanto, redigiu a sua teologia e a enviou para Roma, antecipando a importância estratégica daquela igreja para o futuro.
            A igreja romana pode ter sido formada por seguidores que ouviram a mensagem de Pedro durante a celebração de Pentecostes (At 2). Paulo nunca visitou a igreja em Roma, mas reconheceu sua importância estratégica. Portanto, Paulo compartilhou com aqueles fiéis as doutrinas básicas do Cristianismo.

PROPÓSITOS
            Foram vários os propósitos de Paulo ao escrever à igreja romana. A Epístola aos Romanos foi escrita para explicar o atraso de Paulo no que diz respeito à sua visita aos cristãos de Roma e também para preparar a sua ida com antecedência (Rm 1.10-13). Paulo queria que os romanos soubessem que ele não havia abandonado a sua missão aos gentios. Pelo contrário, queria enfatizar que ele, Paulo, não havia perdido a confiança no princípio de que o evangelho de Cristo é para todas as pessoas (Rm 1.16). Paulo pretendia também promover a unidade e resolver possíveis conflitos entre judeus e cristãos gentios.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
            A Epístola de Paulo aos Romanos apresenta estrutura literária semelhante à utilizada por um advogado ao estabelecer seu caso cuidadosa e acuradamente. De todas as epístolas de Paulo, a Epístola aos Romanos á a que mais se assemelha a um tratado teológico sistemático. Ao empregar os recursos de uma carta (saudação, corpo de informação e finalização com assinatura) e utilizar-se da retórica para questionar argumentos, Paulo apresenta uma clara explicação dos propósitos de Deus ao longo da história, culminando no ato de enviar o seu Filho para a salvação de todos que se voltam a ele com fé.

TEMAS
            O tema central de Romanos é a justiça recebida como um dom de Deus, não alcançada por obras da Lei (Rm 1.16-17). A salvação vem pela graça por meio da fé (Rm 3.21-31). Outros temas incluem a rejeição do ser humano no que diz respeito à revelação de Deus, morte ao pecado e vida em Cristo por intermédio do poder do Espírito Santo, liberdade cristã, soberania de Deus, plano de salvação, que inclui tanto os gentios como os judeus, obediência a Cristo, que envolve um compromisso sacrificial, e uma vivência cristã prática.

FONTE: A BÍBLIA DA MULHER

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

QUESTÕES ALIMENTARES


A VISÃO DE PEDRO SOBRE O TELHADO – ATOS 10. 9 - 16

9 No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles viajavam e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar.
10 Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase.
11 Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra, preso pelas quatro pontas,
12 contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu.
13 Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”.
14 Mas Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!”
15 A voz lhe falou segunda vez: “Não chame impuro ao que Deus purificou”.
16 Isso aconteceu três vezes, e em seguida o lençol foi recolhido ao céu.

QUESTÃO: ESTE TEXTO FALA SOMENTE SOBRE ACEPÇÃO DE PESSOAS OU TAMBÉM FALA SOBRE A LIBERAÇÃO PARA SE COMER QUALQUER TIPO DE ANIMAL ANTES CONSIDERADO IMUNDO?
A questão que você põe foi também muito importante na primeira comunidade cristã. De um lado os judeus-cristãos pretendiam observar os preceitos que haviam aprendido em casa, nas suas famílias que praticavam a religião judaica. E nelas os preceitos descritos em Levíticos eram observados. Do outro lado existia a pressão dos gentios, os que não eram judeus, que vindos do mundo helênico, não queriam observar tais prescrições.
Se quisermos debater sobre questões alimentícias, diria que este não é um bom texto a ser utilizado, pois pelo seu contexto, o assunto principal aqui é a respeito da evangelização dos não judeus.
Pedro era um judeu convicto e ainda não havia compreendido que a salvação também era para os outros povos. Sendo assim ele pregava apenas para os judeus. Neste episódio, o Senhor falou com Pedro usando a imagem de animais considerados impuros representando os povos não judeus. Ao ser interrogado pelos demais discípulos do porquê ter ido à casa de um não judeu, Pedro demonstra ter entendido que Deus através daquela visão havia lhe mostrado que não faz acepção de pessoas.
Mas, em relação a restrição de certos animais para alimentação, sabemos que toda ordenança de Deus tem a ver com o nosso bem estar. Esses animais que foram considerados imundos, na verdade comprometem a nossa saúde. A carne de porco é um bom exemplo disso. Mas a restrição alimentar também tinha a ver com a diferenciação com demais povos.
Neste texto Pedro diz jamais ter comido nenhum daqueles animais. Jesus já havia ascendido ao céus, isso significa que enquanto esteve na companhia de Jesus, Pedro também não provou destes alimentos.
Isso porque Jesus não veio anular a lei, mas cumprí-la. Ele a encerrou debaixo da cruz. Afinal a lei só tem valor para os vivos. Para os mortos a lei não tem validade. Então todos aqueles que morreram com Cristo, não estão mais debaixo da lei.
Mas mesmo antes da morte e ressurreição de Cristo, Ele já havia deixado claro que não eram estas coisas que nos tirariam a salvação.
Evangelho de Marcos (7,14-23):
14 Em seguida, Jesus chamou de novo a multidão para perto dele e disse: «Escutem todos e compreendam: 15 o que vem de fora e entra numa pessoa, não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura. 16 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. »
17 Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18 Jesus disse: «Será que nem vocês entendem? Vocês não compreendem que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19 porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a privada? » (Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros). 20 Jesus continuou a dizer: «É o que sai da pessoa que a torna impura. 21 Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, 22 crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas essas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura. »
            Jesus também cita Davi que se alimentou dos pães da proposição juntamente com seus soldados. Pães estes que só podiam ser comidos pelos sacerdotes. Mas naquele momento era uma situação de necessidade. E o Senhor não o condenou por esta atitude.
Com o início da conversão dos não judeus, começaram a surgir uma série de questões relacionadas a obediência ou não da Lei de Moisés. Os judeus convertidos queriam que os não judeus que aceitavam Jesus passassem a obedecer as ordenanças judaicas. O conflito crescia de tal forma que os apóstolos realizaram o primeiro Concilio de Jerusalém, para tratarem do assunto, que não era especificamente sobre alimentação, mas sobre toda a lei. Este assunto se encontra no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos.
Esse concílio deliberou que aos gentios não fosse imposto nenhum peso “além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas” (Atos 15,28-29).
Em nenhum momento foi exigido nenhuma restrição alimentar referente a espécies de animais.
Depois encontramos algumas recomendações doutrinárias nas cartas de Paulo:
Romanos 14:17. Porque o reino de Deus não é COMIDA nem BEBIDA, mas JUSTIÇA, e PAZ e ALEGRIA no ESPÍRITO SANTO. 1 Coríntios 8:8. NÃO é a COMIDA que nos recomendará a Deus, pois NADA perderemos, se não comermos, e NADA ganharemos se comermos. Hebreus 13:20. Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com a GRAÇA e NÃO com ALIMENTOS, pois NUNCA tiveram proveito os que com isso se preocuparam. 2 Coríntios 4:18 Não atentando nós nas coisa que se veem (comida, bebida, dia da semana), mas nas que se NÃO veem (a nova Jerusalém onde habita a JUSTIÇA de Deus); porque as que se veem são TEMPORAIS (passageiras), e as que se não veem são eternas (para sempre). Só mais um texto para que não fique nenhuma dúvida. Romanos 14:6 a 8. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem NÃO come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Então meus queridos, independentemente de comermos ou não, se cremos que a morte de Jesus foi a nossa morte, e a ressurreição dele foi a nossa ressurreição estas coisas não tem valor nenhum.
            Paulo escrevendo aos Gálatas, demonstrou sua preocupação quando percebeu que estavam novamente querendo voltar aos rudimentos da lei. Aos Gálatas Paulo escreve:
“Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos! Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.
Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da lei: Acaso vocês não ouvem a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre.
O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu mediante promessa. Isso é usado aqui como uma ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é Hagar. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe. Pois está escrito: "Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido”. Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguia o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora.
Mas o que diz a Escritura? ‘Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre’. Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.”
Gálatas 4:8-31
 Toda a lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo”. (Gl 5. 14)


quinta-feira, 23 de julho de 2015

ESTUDO PARA O MÊS DE AGOSTO



ATOS – A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO ATRAVÉS DA IGREJA


CONTEÚDO GERAL DE ATOS
AUTOR: LUCAS
TEMA: A PROPAGAÇÃO TRIUNFAL DO EVANGELHO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO
DATA: CERCA DE 63 d.C.
I.                    INTRODUÇÃO (1. 1-11).
II.                  O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO (1.12 – 2.41).
III.                A COMUNIDADE CRISTÃ EM JERUSALÉM (2.42 – 8.1).
IV.               A PERSEGUIÇÃO (8.1b – 9.31).
V.                 A IGREJA ENTRE OS GENTIOS (9.32 – 12.25).
VI.               O CONCÍLIO DE JERUSALÉM E AS VIAGENS MISSIONÁRIAS (13.1 – 21.16).
VII.             A PRISÃO DE PAULO E SEU MINISTÉRIO EM ROMA (21.17 – 28.31).
VERSÍCULO CHAVE: 1.8 – “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra".
PROPÓSITO: RELATAR O AVANÇO DO EVANGELHO, SAINDO, DO JUDAÍSMO PARA O MUNDO GENTIO. REVELANDO A MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA E NO PAPEL DA IGREJA NA SOCIEDADE, BEM COMO A CONTINUIDADE DO MINISTÉRIO DE CRISTO NA PROPAGAÇÃO DO EVANGELHO.
TRÊS PRINCIPAIS MOMENTOS:
1-      O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO;
2-      A VIDA COMUNITÁRIA DA IGREJA PRIMITIVA EM JERUSALÉM;
3-      A EXPANSÃO DA IGREJA ENTRE OS GENTIOS.
PROTAGONISTA: O ESPÍRITO SANTO PROTAGONIZA O PAPEL DE CONDUTOR ESSENCIAL DO CAMINHO MISSIONÁRIO DA IGREJA. SOB SUA AÇÃO, A IGREJA CAMINHA PODEROSA, TESTEMUNHANDO ACERCA DE JESUS.

INTRODUÇÃO
            Não há muitas informações acerca do autor de Atos dos Apóstolos. Sabemos apenas tratar-se de um homem culto e possuidor de um estilo literário de impressionante grandeza. O prólogo de seu evangelho é escrito num grego que se aproxima do clássico (Lc 1. 1-4).
            Lucas também era médico (Cl 4.14). E muito amado por todos. Converteu-se depois da ascensão do Senhor Jesus. A partir da segunda viagem missionária de Paulo o encontramos participando ativamente da evangelização dos gentios (At 16.10).
            Em seu evangelho, Lucas fez um relato fidedigno e metódico pondo “em ordem a narração dos fatos”, diz ele, “que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio” (Lc 1.1,2). Já em Atos dos Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da igreja de Cristo. Neste livro Lucas atua também como o personagem que de forma modesta, oculta-se na humildade do pronome da primeira pessoa do plural (At 20.6, 13, 15; 21.16; 27.8).
            Lucas concluiu os Atos dos Apóstolos entre os anos 61-63. Portanto, antes da execução de Paulo e bem antes da destruição de Jerusalém pelos romanos. Historiador consciencioso que era, jamais deixaria de mencionar ambos os fatos, houvesse ele escrito o livro após o ano 70.

O CONTEÚDO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
1-      EVENTOS PRÉ-PENTECOSTAIS:
a)      A ascensão de Cristo: a subida do Cristo ressurreto e glorioso ao céu, foi um fato histórico comprovado e testemunhado por centenas de pessoas (At 1.15; 1 Co 15.6).
b)     A eleição de Matias: a escolha do substituto do Iscariotes tem de ser encarada como um capítulo importantíssimo da História da Igreja Cristã. Foi o próprio Espírito Santo quem constrangeu a Pedro a presidir a reunião que culminou com a designação de Matias. A igreja não poderia ser inaugurada com o colégio apostólico incompleto (At 1.15-20).
2-      EVENTO PENTECOSTAL: o batismo com o Espírito Santo inaugura a Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus. O fato está registrado no capítulo dois. Após a ascensão de Cristo, e a escolha de Matias, os discípulos passaram a reunir-se em um cenáculo para orar. Em obediência a ordem de Cristo, ficaram em Jerusalém aguardando serem revestidos de poder. No dia da festa de Pentecostes (Festa da Colheita que acontecia 50 dias após a Festa da Páscoa), enquanto estavam reunidos em oração todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Nesse dia, após o discurso de Pedro, quase três mil almas agregaram-se aos fiéis (At 2.41).
3-      EVENTOS MISSIONÁRIOS:
a)      A expansão em Jerusalém: Nenhum líder judeu poderia imaginar que, logo após a morte do Senhor Jesus, a Igreja Cristã, inaugurada no Pentecostes, se espalharia tão rapidamente por toda a Jerusalém. No Sermão do Pentecostes, quase três mil almas aceitam a Jesus. Mais adiante, o número já sobe para quase cinco mil (At 4.4). Daí em diante, multiplicou-se tanto o número de conversos que até mesmo não poucos sacerdotes obedeciam a fé (At 6.7).
b)     A expansão da Igreja na Judeia e Samaria: A morte de Estevão foi apenas o início de uma perseguição que culminaria com a diáspora da igreja hebreia. Os irmãos espalhados que forma pela arbitrariedade das autoridades judaicas, iam semeando a Palavra de Deus por toda a Judeia até chegar a desprezada Samaria (At 8.1-25). Nessa fase destaca-se como evangelista o que fora escolhido como diácono: Filipe (At 8.5).
c)      A expansão da Igreja entre os gentios: Se na parte inicial de Atos, a figura proeminente é Pedro, na segunda parte destaca-se Saulo de Tarso. Em três viagens missionárias, levou o Evangelho ao extremo ocidental do mundo então conhecido sem impedimento algum (At 13-28).
O PROPÓSITO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
1-      NARRAR A EXPANSÃO DA IGREJA: Para esclarecer como a Igreja de Cristo inaugurada pelo Espírito Santo em Jerusalém veio a tornar-se na universal e invisível assembleia dos santos, que Lucas escreveu os Atos dos Apóstolos. Metódica e sistematicamente, mostra ele como a Igreja transcendeu as fronteiras da Judeia para universalizar-se nos confins da terra (At 1.1-15).
2-      JUSTIFICAR OS ATOS DOS APÓSTOLOS: De maneira sutil, porém bastante evidente, Lucas destaca o mandamento do Cristo que justifica não apenas a expansão da Igreja como a sua universalização (At 1.8). Evangelizar e fazer missões é a nossa obrigação.
3-      ESTIMULAR AOS CRENTES: Ao encerrar os Atos dos Apóstolos, Lucas deixa bem claro a todos nós que aqueles atos não foram encerrados com a prisão de Paulo em Roma, mas acham-se abertos e livres para que evangelizemos e façamos missões até a volta de Jesus. 

sábado, 4 de julho de 2015

ENTENDENDO JOÃO 1:51



“E ACRESCENTANDO: EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO QUE VEREIS O CÉU ABERTO E OS ANJOS DE DEUS SUBINDO E DESCENDO SOBRE O FILHO DO HOMEM.”

Este versículo faz parte da conversa que Jesus teve com Natanael, que viria a ser um dos 12 apóstolos de Jesus. Natanael era de Caná da Galileia (Jo 21.2).
            Para compreendermos melhor, voltemos aos versículos anteriores, quando João Batista diz a dois de seus discípulos que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Os dois discípulos, então, passam a seguir Jesus.
            Um destes discípulos era André, irmão de Simão Pedro. Ele achando a Simão, lhe disse: Achamos o Messias, e o levou a Jesus.
            No dia seguinte, Jesus partiu para a Galiléia e encontrou Filipe, a quem disse: Segue-me. Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referirem os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José.
            Natanael responde: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?
            Ele parecia duvidar, mas quando encontrou Jesus fica admirado quando Jesus diz a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade!
            Natanael quer saber de onde Jesus o conhece, e Jesus lhe responde que o havia visto embaixo da figueira, antes que Filipe o chamasse.
            Ao que Natanael exclama: Mestre, tu é o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! (Provavelmente Natanael estivesse certo de que estava só, e sendo um verdadeiro israelita estivesse falando com Deus, tirando seu período de oração matinal, no seu lugar preferido, “embaixo da figueira”).
            Neste momento Jesus lhe diz que ele ficou admirado por ter dito que o viu embaixo da figueira, mas que dali por diante ele veria maiores coisas.
            Então chegamos ao versículo 51: “E ACRESCENTANDO: EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO QUE VEREIS O CÉU ABERTO E OS ANJOS DE DEUS SUBINDO E DESCENDO SOBRE O FILHO DE HOMEM.”
            A referência aqui pode ter sido da escada com que Jacó sonhou em Gênesis 28.12, que era uma representação de Cristo na pessoa dele, como Deus-Homem.

            Mas o sentido mais provável seja que a partir daquele momento ele faria descobertas mais claras da sua pessoa, pelo seu ministério, e tais milagres seriam realizados por ele em confirmação disto, que olharia como se o céu estivesse aberto, e os anjos de Deus iam continuamente para lá e para cá, trazendo mensagens novas, e executando operações milagrosas, como se o anfitrião inteiro deles constantemente fosse empregado em tal serviço: e este, ao contrário, parece ser o sentido, visto que o próximo relato que nós temos é do começo dos milagres de Cristo em manifestar a sua glória em Caná da Galiléia, onde Natanael viveu.

terça-feira, 30 de junho de 2015

CONTINUAÇÃO

O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS

                    EVANGELHO DE JOÃO (PARTE III)


INTRODUÇÃO - O quarto evangelho é o “não sinótico”, ou seja, o único que não tem a ótica comum a Mateus, Marcos e Lucas, que tentam fazer uma cronologia, enquanto ele, João, faz teologia. É o evangelho dos discursos. É de fácil leitura, bom para evangelizar, e faz uma defesa muito forte da divindade de Jesus. É um dos documentos mais profundos sobre a pessoa de Jesus. Vale a pena refletir sobre ele. 


1. QUEM É ESTE JOÃO?

Ele é testemunha ocular do que narra: 1.14. Em 12.3, parece que sentiu o perfume da casa onde o evento sucedeu. É preciso nos números: 6 talhas de pedras, 4 soldados ao pé da cruz, o homem doente por 38 anos, 153 peixes apanhados na rede, etc. Fica bem claro que é um judeu. Conhece a história, os costumes, as idéias e as esperanças dos judeus. Isto fica claro em 1.17 e 4.5. Sabe dos preceitos de valor judaicos. No sábado não se podia traballhar, mas podia se circuncidar um menino. Ele sabe que a circuncisão tinha precedência sobre a proibição de trabalho no sábado (7.22). Conhece os sentimentos dos judeus quanto ao sábado: 5.10 e 19.31. Conhece bem o Antigo Testamento e a língua hebraica. Sabe e interpreta corretamente os significados dos nomes hebraicos: 1.38, 1.41, 5.2, 9.7, 19.13 e 20.16. Ele cita o AT hebraico (em vez de citar a Septuaginta) e dá sua própria tradução do hebraico para o grego.


Conhece a geografia da Palestina e a topografia de Jerusalém. Havia duas cidades chamadas Betânia. Ele distingue entre elas (1.28), sabe quem é de que lugar (1.44), etc. 


2.O AUTOR É UM APÓSTOLO

Somente alguém muito de perto poderia ter as informações que ele tem. Só poderia citar 2.17 e 4.27, por exemplo, quem fosse um dos apóstolos. Jesus tinha três mais chegados: Pedro, Tiago e João (Mt 17.1). O primeiro fica excluído pelas referências do autor a Pedro e porque o evangelho de Marcos é reconhecido como o de Pedro (que deu as informações a Marcos, com quem tinha afinidade). Tiago foi morto mais ou menos no ano 44 (At 12.2). A maior possibilidade é para João. Irineu, Clemente de Alexandria e Tertuliano, no segundo século, já diziam que João, o discípulo amado, foi o autor do quarto evangelho. Aliás, Clemente disse que João escreveu para suplementar os sinóticos.


Existe hoje em dia uma nova teoria sobre a data do livro. Presume que João escreveu antes dos sinóticos. Talvez já no ano 50. Em 5.2, ele não diz que “havia em Jerusalém”, mas “há em Jerusalém”. Jerusalém não apenas existia (foi destruída no ano 70), mas o autor ainda estava lá. Isto mostra que é um evangelho bem próximo aos eventos que narra.



3.A ESTRUTURA DO QUARTO EVANGELHO

O quarto evangelho pode ser dividido da seguinte maneira:

Prólogo – 1.1-18
(1) O Livro dos Sinais – 1.19 a 11.57
(2) O Grande Sinal – 12.1 a 19.42
Epílogo – 20.30-31
Apêndice – 21.1-23 (O Dia que não Termina)
Segundo Epílogo – 21.24-25

4. O LIVRO DOS SINAIS

Há um trecho chamado de “Primeira Semana” (1.19 a 11.57). Eis o seu esquema:
1º dia – 1.19-28
2º dia – 1.29-34
3º dia – 1.35-42
4º e 5º dias – 1.43-51
6º dia – 2.1-11 – Início dos sinais de Jesus. João nunca usa a palavra “milagre”. Ele usa “sinal”, no grego sêmeion, que dá a idéia de uma indicação. São “pistas” que ele vai deixando para provar sua tese de 1.1-18.

Os sinais são sete, assim distribuídos:

1º sinal - 2.1-12 - o casamento em Caná. Veja, especialmente, o v. 11. O vinho novo é melhor (2.10). O vinho novo é o cristianismo e o vinho velho é o judaísmo. Este é representado pelas “talhas para purificações dos judeus” (2.6). O vinho era símbolo da alegria e sinal da bênção do messias. Não há vinho nas talhas do judaísmo. É Jesus quem traz o vinho da alegria. Importante: mais uma vez, a comparação com Gênesis. A humanidade surge no sexto dia (Gn 1.26-27). É no sexto dia de João, que a nova humanidade, a humanidade em Cristo, começa a aparecer. Assim como o Pai só descansou no sétimo dia, quando tinha terminado tudo, Jesus só descansará que terminar tudo: 19.30. 

2º sinal – 4.46-54 – a cura do filho de um oficial do rei. Veja, especialmente, o v. 54. É no mesmo lugar onde começaram os sinais (v. 46). É a cura de um gentio. Os sinais são para quem os leia venha a crer e ter vida. Aqui, um menino que estava para morrer, passa a ter vida (v. 49). Era um gentio. Mas estes também têm direito à vida.


3º sinal – 5.1-9 – a cura do paralítico. Começa o distanciamento entre Jesus e o judaísmo. A festa é em Jerusalém (v. 1), mas ele não vai o templo, vai para Betesda. Neste tanque jaziam enfermos, cegos, mancos e aleijados (v. 2). Estas pessoas não podiam entrar no templo (2Sm 5.6-8). É com eles que Jesus vai estar. O templo, símbolo do judaísmo, não o entusiasmava. Ele via a si mesmo como o templo (lugar de encontro com Deus): 2.19-21. João mostra que é em Jesus que encontramos Deus: 14.8-11.

4º sinal – 6.1-15 – a partilha dos pães. Veja, particularmente, o v. 14. A páscoa estava próxima (v. 4), mas ele não vai a Jerusalém e sim a Galiléia, a terra dos gentios, desprezada pelos judeus (Jo 7.52, Mt 26.69 e Is 9.1-2). O resultado é ambíguo: a multidão quer fazê-lo rei e Jesus é obrigado a se retirar. Seu reino era outro: 18.36.

5º sinal – 6.16-21 – Jesus caminha sobre as águas. Os discípulos deixam Jesus sozinho (6.15). Parecem desiludidos, mas Mateus diz que Jesus os obrigou a partir sem ele, para orar (Mt 14.22-23). Ele precisava fortalecer-se, depois da experiência de quase ser tornado rei à força. E eles precisavam conhecer o poder de Cristo sobre a natureza, para entenderem o significado da multiplicação dos pães (Mc 6.51-52). Então, ele faz o discurso sobre o verdadeiro pão, no que se chama de “o grande discurso do pão” (6.22-59). Ele é o pão (vv. 35, 41, 48, 50-53, 58). Foi um choque, um desalento para muita gente: 6.60. Uma questão paralela a Gênesis: em Gênesis 1, o Espírito paira sobre as águas. Aqui, em João, é Jesus quem paira sobre as águas.


6º sinal – 9.1-41 - a cura do cego de nascença. João faz uma analogia do cego com os discípulos. Eles tinham visto a luz do mundo (1.7-9), mas ainda não viam bem. Em 8.12 há uma palavra de Jesus que é um prelúdio a este milagre. Isto porque até mesmo os que criam nele estavam com dúvidas e discutindo com ele: 8.31-33 (observe que a palavra dele é com os que “criam nele”). O final da história é interessante. O ex-cego é expulso do judaísmo (9.34-35) e só depois disto é que se rende a Jesus. Note-se que Jesus compara a cegueira com a incredulidade, no fim do episódio: 9.39-40. O pior cego é o da alma, o que não quer ver.

7º sinal – 11.1-44 – a ressurreição de Lázaro. É mais um sinal (11.47) e leva as pessoas a crerem (11.45). Esta é a finalidade dos sinais (20.30-31). É o mais elevado dos sinais. Lázaro está morto, definitivamente morto. São quatro dias de morte (11.39). Para o judeu, a alma do morto levava três dias para caminhar até o mundo dos mortos, o xeol. No quarto dia já estava lá. Jesus o tira do mundo dos mortos. João faz um prelúdio a este sinal nas palavras de Jesus em 10.10. Compare 11.32 com 1.4.

5. A SEGUNDA SEMANA

Há uma segunda semana, na estrutura de João (12.1 – “seis dias depois”). É a hora da morte. É o grande sinal. Começa a páscoa, que trará a morte de Jesus. Ele é o grão de trigo que precisa morrer, como se lê em 12.24. Mas esta morte é sua glorificação: 12.23. Por causa desta morte e glorificação, ele será o ponto de atração para o mundo inteiro, como lemos em 12.32.

No relato de João, esta páscoa não acontece. Jesus morre na véspera, no dia da preparação, como lemos em 19.31. No primeiro dia da terceira semana, Jesus ressuscita (20.1). Esta é a semana que nunca termina, que dura “até que eu venha” (21.23), que são as últimas palavras de Jesus. Em 13.1 há um jogo de palavras. “Pascoa” significa “passar”, em hebraico. Na páscoa, no “passar”, é hora de ele “passar deste mundo para o Pai”. É sua páscoa, também.

6.O GRANDE SINAL

É o trecho de 13.1 a 20.29. Divide-se em três partes:
(1) O lava-pés (13.1-30).
(2) Discurso de despedida (13.31 a 17.26).
(3) Paixão, morte e ressurreição de Jesus (18.1 a 20.29).

A finalidade do lava-pés é orientar a comunidade que dele brotará a viver em serviço mútuo. Ele fez o serviço de um escravo. A lição é bem clara, como se lê em 13.12-17. Como algumas igrejas, em que há luta por poder e briga por cargos, deveriam refletir sobre isto! Este episódio termina com uma declaração de rara poesia: “e era noite” (13.30). Era noite para ele, como vemos em 13.21. Para Judas, que deixou Satanás entrar em seu coração. E para a comunidade apostólica, que ficaria sem Jesus.


O discurso de despedida é comovente. Mesmo ficando sem ele, os discípulos não devem temer: 14.27. O Espírito Santo virá para ficar com eles. A igreja não é órfã. Jesus voltou para ela, na pessoa do Espírito Santo (14.18). Toda Trindade passa a habitar no cristão, como lemos em 14.16 e 23.

Na sua prisão, por três vezes, ele usa “sou eu” ou “eu sou”, dependendo da forma de se traduzir: 18.5, 6 e 8. No relato da paixão de Jesus, mais uma vez brilha a genialidade de João. Ele termina o episódio com 19.41-42. Jesus é posto num sepulcro. Acabou-se tudo! Mas vem o domingo, o dia do cristão, o dia em que Cristo sai da sepultura, vence a morte (20.1), e passa a ter autoridade para dizer o que disse em 14.19. Porque ele vive, nós viveremos. E porque ele foi glorificado, nós o seremos, também: 1João 3.2.


7. O ACRÉSCIMO

O capítulo 21 é claramente é um acréscimo de João. Ele terminou a história de Jesus em 20.29. Este capítulo é uma bem-aventurança para todos os que creriam depois. Para nós, inclusive. O texto de 20.30-31 é o epílogo e o capítulo 21, um acréscimo. Por que João fez isto? O capítulo é de uma beleza e espiritualidade comoventes. Pedro deserta. “Vou pescar” (21.3) é “vou pescar continuamente”, no grego. Pedro estava desistindo. Ia ser pescador, novamente. Compare isto com Marcos 1.17. Toda a comunidade apostólica segue a Pedro e toda a comunidade fracassa. Como diz um cântico nosso, “sem Jesus não dá”. 


Na desistência, Jesus se chega a eles (v. 4). A história toma novo rumo. Sob a direção de Jesus, a pesca é proveitosa. Pedro se preocupa com João (21.21), o mais moço deles, e é repreendido por Jesus. De maneira fantástica, João coloca na boca de Jesus a sua última palavra no seu evangelho: “Segue-me tu” (v. 22). Assim, o evangelista, após terminar sua obra, com uma bem-aventurança para os que creriam sem ver (20.29), recomeça-a e a conclui, por fim, com um desafio de Jesus, “segue-me tu”. 

CONCLUSÃO - UMA CURIOSIDADE QUE É RELEVANTE 

Em hebraico, o nome de Deus é yhwh, impronunciável, que costumamos mencionar como sendo Iahweh. Só Deus poderia dizer EU SOU.  Judeu algum pode dizer EU SOU. Veja que após esta declaração de Jesus, os judeus tentam apedrejá-lo (pena de morte para a heresia).  Uma tradução literal seria EU SOU. Veja Êxodo 3.13-14. João gosta de ressaltar como Jesus se referia a si mesmo e, nestas referências, como usava o “Eu sou”. Observe isto em 6.41, 6.51, 8.12, e, principalmente, 8.58. Como Jesus falou em aramaico, deve ter ficado bem claro o nome de Deus para os judeus. Estes nem sequer o pronunciavam, mas Jesus o aplica a si. É por isso que logo depois deste episódio, vem o do cego de nascença, que termina com as palavras do Mestre em 9.40-41. João mostra no início que Jesus é o próprio Deus, encarnado (1.1-4 e 14). Desenvolve este tema por todo o evangelho. E, no seu último livro (ele escreveu também 1a, 2ª, 3ª João e o Apocalipse) vai mostrar Jesus dizendo isto a seu próprio respeito: Apocalipse 22.13. Por isto que podemos dizer que os escritos de João têm como sustentáculo sua declaração do evangelho, em 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.”

sexta-feira, 26 de junho de 2015

ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO - PARTE II

ESTUDO DO EVANGELHO DE JOÃO

                                                                           PARTE II

  1. O apóstolo João era filho de Zebedeu, aparentemente um homem abastado e influente (Mc 1.20), e de Salomé, que era irmã de Maria, mãe de Jesus, (Jo 19.25; Mt 27.56,61; Mc 15.40,47).
  2. João escreveu seu evangelho já próximo do fim da vida. A autoria desse Evangelho foi muito discutida pelos estudiosos já que seu autor é identificado apenas como "discípulo amado"(Jo 21.20,24).
  3. João participava do círculo mais íntimo de Jesus, juntamente com Pedro e Tiago (Mc 5.37; 9.2; 14.33). João e seu irmão, Tiago viviam em Cafarnaum, Jesus os apelidou de Boanerges (filhos do trovão, Mc 3.17). João e Pedro foram descritos como iletrados e incultos (At 4.13).
  4. João foi testemunha ocular da vida e do ministério de Jesus, de todos os discípulos, foi quem ministrou por mais tempo. João participou da Última Ceia (Jo 13. 23-26), esteve aos pés da cruz com a mãe de Jesus (Jo 19. 25-27), acompanhou Pedro até o túmulo vazio (Jo 20. 2-10) e reconheceu Jesus após a ressurreição (Jo 21.7). 
  5. A João é atribuída a autoria de Primeira, Segunda e Terceira Epístola de João, como também o Livro do Apocalipse. Ele participou ativamente da Igreja em Jerusalém (At 3.1), e mais tarde foi pastor da igreja de Éfeso.
  6. João não registrou em seu livro: a genealogia de Jesus, seu nascimento, sua infância, a transfiguração, a escolha dos discípulos, as parábolas, sua ascensão e a grande comissão. Mas é o único a registrar as alegorias do Bom Pastor, da porta, do grão de trigo e da videira, o discurso do pão da vida, o da ceia e a oração sacerdotal, os episódios das bodas de Caná, da ressurreição de Lázaro e do lava-pés, o diálogo com Nicodemos e com a Samaritana.
  7. Muitas são as palavras chave que João utiliza: verdade, vida, luz, amor, glória, mundo, julgamento, hora, testemunho, água, espírito, amar, conhecer, ver, ouvir, testemunhar, manifestar, dar, fazer, julgar...
"Olhando os milagres que aparecem em João apenas 3 coincidem com os sinóticos: a cura do filho do Centurião, a multiplicação dos pães, o andar sobre as águas.
Nos milagres a diferença aparece no significado que eles possuem: Nos sinóticos Jesus realiza os milagres movido de compaixão em João os milagres adquirem um caráter de sinais, manifestando a glória de Jesus.
- Só o quarto evangelho apresenta a parte humana de Jesus, Ele com Maria chora a morte de Lázaro em Betânia.
- É o evangelho de João que apresenta os últimos passos de Jesus começando com a última ceia no cenáculo, os derradeiros momentos de Jesus, suas últimas palavras e recomendações, o lava-pés, e a cena com Judas Iscariotes.
- Em João aparece um Jesus muito próximo dos discípulos.
João nos convida a adentrarmos no Cenáculo e nos tornamos participantes dos últimos momentos de Jesus com seus discípulos, Suas últimas palavras, recomendações e oração, sua ação ilustrativa ao lavar os pés dos discípulos e a confrontação final com Judas Iscariotes. Nem um dos outros evangelistas nos trouxeram tantos detalhes da intimidade de Jesus com os discípulos, como João faz". (aBíblia.org)