segunda-feira, 10 de agosto de 2015

QUESTÕES ALIMENTARES


A VISÃO DE PEDRO SOBRE O TELHADO – ATOS 10. 9 - 16

9 No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles viajavam e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar.
10 Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase.
11 Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra, preso pelas quatro pontas,
12 contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu.
13 Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”.
14 Mas Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!”
15 A voz lhe falou segunda vez: “Não chame impuro ao que Deus purificou”.
16 Isso aconteceu três vezes, e em seguida o lençol foi recolhido ao céu.

QUESTÃO: ESTE TEXTO FALA SOMENTE SOBRE ACEPÇÃO DE PESSOAS OU TAMBÉM FALA SOBRE A LIBERAÇÃO PARA SE COMER QUALQUER TIPO DE ANIMAL ANTES CONSIDERADO IMUNDO?
A questão que você põe foi também muito importante na primeira comunidade cristã. De um lado os judeus-cristãos pretendiam observar os preceitos que haviam aprendido em casa, nas suas famílias que praticavam a religião judaica. E nelas os preceitos descritos em Levíticos eram observados. Do outro lado existia a pressão dos gentios, os que não eram judeus, que vindos do mundo helênico, não queriam observar tais prescrições.
Se quisermos debater sobre questões alimentícias, diria que este não é um bom texto a ser utilizado, pois pelo seu contexto, o assunto principal aqui é a respeito da evangelização dos não judeus.
Pedro era um judeu convicto e ainda não havia compreendido que a salvação também era para os outros povos. Sendo assim ele pregava apenas para os judeus. Neste episódio, o Senhor falou com Pedro usando a imagem de animais considerados impuros representando os povos não judeus. Ao ser interrogado pelos demais discípulos do porquê ter ido à casa de um não judeu, Pedro demonstra ter entendido que Deus através daquela visão havia lhe mostrado que não faz acepção de pessoas.
Mas, em relação a restrição de certos animais para alimentação, sabemos que toda ordenança de Deus tem a ver com o nosso bem estar. Esses animais que foram considerados imundos, na verdade comprometem a nossa saúde. A carne de porco é um bom exemplo disso. Mas a restrição alimentar também tinha a ver com a diferenciação com demais povos.
Neste texto Pedro diz jamais ter comido nenhum daqueles animais. Jesus já havia ascendido ao céus, isso significa que enquanto esteve na companhia de Jesus, Pedro também não provou destes alimentos.
Isso porque Jesus não veio anular a lei, mas cumprí-la. Ele a encerrou debaixo da cruz. Afinal a lei só tem valor para os vivos. Para os mortos a lei não tem validade. Então todos aqueles que morreram com Cristo, não estão mais debaixo da lei.
Mas mesmo antes da morte e ressurreição de Cristo, Ele já havia deixado claro que não eram estas coisas que nos tirariam a salvação.
Evangelho de Marcos (7,14-23):
14 Em seguida, Jesus chamou de novo a multidão para perto dele e disse: «Escutem todos e compreendam: 15 o que vem de fora e entra numa pessoa, não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura. 16 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. »
17 Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18 Jesus disse: «Será que nem vocês entendem? Vocês não compreendem que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19 porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a privada? » (Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros). 20 Jesus continuou a dizer: «É o que sai da pessoa que a torna impura. 21 Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, 22 crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas essas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura. »
            Jesus também cita Davi que se alimentou dos pães da proposição juntamente com seus soldados. Pães estes que só podiam ser comidos pelos sacerdotes. Mas naquele momento era uma situação de necessidade. E o Senhor não o condenou por esta atitude.
Com o início da conversão dos não judeus, começaram a surgir uma série de questões relacionadas a obediência ou não da Lei de Moisés. Os judeus convertidos queriam que os não judeus que aceitavam Jesus passassem a obedecer as ordenanças judaicas. O conflito crescia de tal forma que os apóstolos realizaram o primeiro Concilio de Jerusalém, para tratarem do assunto, que não era especificamente sobre alimentação, mas sobre toda a lei. Este assunto se encontra no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos.
Esse concílio deliberou que aos gentios não fosse imposto nenhum peso “além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas” (Atos 15,28-29).
Em nenhum momento foi exigido nenhuma restrição alimentar referente a espécies de animais.
Depois encontramos algumas recomendações doutrinárias nas cartas de Paulo:
Romanos 14:17. Porque o reino de Deus não é COMIDA nem BEBIDA, mas JUSTIÇA, e PAZ e ALEGRIA no ESPÍRITO SANTO. 1 Coríntios 8:8. NÃO é a COMIDA que nos recomendará a Deus, pois NADA perderemos, se não comermos, e NADA ganharemos se comermos. Hebreus 13:20. Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com a GRAÇA e NÃO com ALIMENTOS, pois NUNCA tiveram proveito os que com isso se preocuparam. 2 Coríntios 4:18 Não atentando nós nas coisa que se veem (comida, bebida, dia da semana), mas nas que se NÃO veem (a nova Jerusalém onde habita a JUSTIÇA de Deus); porque as que se veem são TEMPORAIS (passageiras), e as que se não veem são eternas (para sempre). Só mais um texto para que não fique nenhuma dúvida. Romanos 14:6 a 8. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem NÃO come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Então meus queridos, independentemente de comermos ou não, se cremos que a morte de Jesus foi a nossa morte, e a ressurreição dele foi a nossa ressurreição estas coisas não tem valor nenhum.
            Paulo escrevendo aos Gálatas, demonstrou sua preocupação quando percebeu que estavam novamente querendo voltar aos rudimentos da lei. Aos Gálatas Paulo escreve:
“Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos! Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.
Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da lei: Acaso vocês não ouvem a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre.
O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu mediante promessa. Isso é usado aqui como uma ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é Hagar. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe. Pois está escrito: "Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido”. Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguia o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora.
Mas o que diz a Escritura? ‘Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre’. Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.”
Gálatas 4:8-31
 Toda a lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo”. (Gl 5. 14)